O USO DO GIZ DE CERA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Valdemar W.Setzervwsetzer@ime.usp.br – www.ime.usp.br/~vwsetzer
Tradicionalmente, a Pedagogia Waldorf (PW), tanto no lar quanto na escola, utiliza-se do Giz de Cera ("crayon" em inglês) em lugar de lápis de cor, caneta hidrográfica ou marcador. Creio que se pode apresentar as seguintes razões para isso:
Na PW, ensina-se a desenhar superfícies e nunca o contorno. O que vemos no mundo não são os contornos, e sim o espaço preenchido por cores. São as diferenças de cores que determinam as formas e os contornos. Fazer uma criança desenhar os contornos com linhas seria forçar um desenvolvimento intelectual precoce, já que contorno sem as cores é uma abstração que não corresponde à realidade percebida pela visão. Assim, é importante que a criança aprenda a criar os contornos a partir das superfícies, pelas diferenças de cores. É muito mais fácil preencher superfícies com cores usando giz de cera do que com lápis ou caneta. Em particular, os blocos são excelentes nesse sentido, principalmente por crianças pequenas.
Com um lápis ou caneta hidrográfica a tendência é traçar linhas, e não criar superfícies completas preenchidas com cor. O giz de cera, por ser grosso, praticamente impede o traçado de linhas finas.
Um lápis permite muito poucas nuances de cor, e praticamente nenhuma na grossura do traço que, aliás, é uniforme nas canetas hidrográficas. Por outro lado, com o giz de cera conseguem-se diferentes tonalidades de cor conforme se o aperte mais ou menos no papel. Juntando-se a isso grandes variações na grossura do traço pela inclinação do giz, obtêm-se formas muito mais plásticas. Note-se que na natureza cores uniformes só aparecem, e raramente, nos minerais. Nas plantas e animais, e também nas nuvens, rios e lagos, as cores nunca são uniformes. (O exagero da uniformidade de cor e portanto do artificialismo, prejudicial a crianças - que são seres muito ligados à natureza e ao ambiente, separando-se deles gradualmente até os 21 anos -, ocorre nos desenhos feitos com computador.)
A textura do material é completamente diferente. No caso do lápis de cor entra-se em contato com um toco fino de madeira, envolvendo a grafite colorida que misteriosamente foi parar lá dentro. No caso da caneta hidrográfica, o contato é com um pedaço de plástico artificial, uniforme e de cheiro desagradável. No caso do giz de cera, a criança sente um material muito menos artificial; a cor do lápis ou bloco não é totalmente uniforme, e o contato é com o próprio material que vai produzir a cor no papel. No caso dos lápis e blocos da Apiscor, pude verificar que a quantidade de cera de abelha é considerável, pois o cheiro é o dessa cera, forte e delicioso. Seria interessante contar para crianças pequenas como as abelhinhas trouxeram o pozinho das flores para a colmeia, fizeram a cera para construí-la, essa cera foi colhida, e depois uma tia derreteu-a, misturando com tintas. Agora a criança pode usar o presente cheiroso das abelhinhas para fazer bonitos desenhos…
É interessante comparar o giz de cera da Apiscor com outros que existem no mercado, principalmente quanto ao tato, consistência e qualidade da cor.
Os giz de cera podem ser usados por crianças muito pequenas, logo que começam a rabiscar (cuidado com as paredes da casa...). Para crianças pequenas, o uso dos blocos é preferível pois a superfície para riscar é muito maior, e exigem menos coordenação motora para segurar. Nos jardins de infância e escolas Waldorf as crianças são incentivadas a preencher todo o papel com cores; a nossa visão também nos dá a impressão de um espaço colorido completo.
Para crianças maiores, um efeito interessante é obtido desenhando-se 2 camadas grossas sobrepostas, com duas cores diferentes, e depois raspando-se a camada superior com algum objeto, apenas em alguns lugares. Um efeito especial é obtido quando a camada superior e preta.
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